O regresso do mau tempo não foi suficiente para cancelar viagem. A fama do Red Frog vale o esforço e, mesmo com chuva e vento, lá nos deixamos guiar pela corrente, Avenida da Liberdade abaixo. Chegados à esquina da Rua do Salitre, o gatafunho no papel amarrotado confirma-nos a morada. Indagamos por momentos, mas afiando bem olhar logo vislumbramos o famoso Red Frog, anunciado por um sapo vermelho vivo com pontinhos pretos de patas bem fincadas numa parede, a repousar junto a uma porta castanha e discreta – estamos, afinal, a falar de um speakeasy e, nestes casos, prudência e discrição fazem mesmo parte do guião pela sobrevivência. Tocamos à campainha e aguardamos, impacientes, à mercê dos rigores do inverno antecipado. Segundos depois, a porta move-se e, do interior, chegam-nos imediatamente os vapores secos, quentes e confortáveis que há muito ansiávamos.

O Red Frog é um projeto a quatro mãos da dupla Paulo Gomes e Emanuel Minez. Inaugurado em 2015, o bar mostrou-se, desde o seu primeiro dia, fiel a um conceito afamado (e repetido amiúde), mas que ainda não existia em Lisboa e em Portugal. Pelo menos, não de uma forma tão rigorosa. O Red Frog é um bar speakeasy, termo que celebrizou os antigos espaços clandestinos norte-americanos onde se vendiam e consumiam ilegalmente bebidas alcoólicas durante a Lei Seca (em vigor entre 1920 e 1933), que as proibia rigorosamente. A história deu em lenda e o revivalismo do século XXI, hoje tão em voga, recuperou pelo mundo inteiro um conceito nunca totalmente esquecido. O Red Frog cumpre os preceitos tradicionais: a decoração vintage prima pelo bom gosto, simultaneamente confortável e sofisticada, em tons de madeira e ouro. O ambiente acolhedor proporciona momentos agradáveis; e cada cocktail é uma viagem sensorial difícil de esquecer.
O SEGREDO ESTÁ NA SALA
Camuflada pela decoração, ignorada pela maioria dos olhares sorridentes e distraídos que esgotam o espaço, uma sala secreta encerra os segredos que restam. A prohibition room é de acesso (muito) restrito. Abre apenas para eventos privados – ou ocasiões muito especiais – e cunha no presente o realismo do passado. A sua localização, essa, fica connosco, guardada na memória. Mas numa próxima visita poderá sempre tentar descobri-la…
Desde que abriu portas, o Red Frog tornou-se numa referência espontânea da noite lisboeta. A qualidade do espaço e da sua carta de cocktails cedo chamou a atenção dos clientes, onde se contam (quase) todas as nacionalidades. O reconhecimento além-fronteiras surgiu com naturalidade logo em 2017, apenas dois anos após a sua inauguração, na sequência da inédita inclusão na conceituada lista The World’s 50 Best Bars (no 92.º lugar) que distingue os melhores bares do mundo. Paulo Gomes, proprietário e bartender do Red Frog, recorda ao Bartwist a importância desse momento que, segundo o próprio, foi “um marco, não só para o Red Frog, mas para todo o universo dos bares e da coquetelaria em Portugal”. O proprietário admite que “esse reconhecimento tornou-se num chamariz”, refletindo-se, imediatamente, num aumento de clientes oriundos dos quatro cantos do mundo. “A partir desse momento, uma porta abriu-se”, sublinha. E ainda hoje, assim se mantém.

Cinco anos nas bocas do mundo
O Red Frog prepara-se para completar o seu quinto aniversário, já no próximo mês de março. Em jeito de balanço. Paulo Gomes afirma que o bar “é tudo aquilo que previa e desejava” aquando da sua criação. Um exemplo de sucesso que, de acordo com o empresário, tem apenas uma explicação: “é tudo resultado do trabalho árduo, que tem dado os seus frutos”. Paulo Gomes realça que o seu objetivo sempre foi “criar um espaço de referência em Lisboa e em Portugal” e, depois da meta alcançada, admite que a fasquia é agora mais elevada: “Lutamos diariamente para sermos reconhecidos internacionalmente”. Para o proprietário, o Red Frog “é a melhor prova do bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no nosso país, no universo dos bares, e isso deve ser também destacado lá fora”.

“Lutamos diariamente para sermos reconhecidos internacionalmente.”
Paulo Gomes, proprietário do Red Frog
O contexto em que o seu bar se insere é uma das preocupações patentes no discurso de Paulo Gomes. Para o bartender, é inegável que o nível dos bares de cocktails em Lisboa e em Portugal “já é melhor”, mas, apesar de tudo, considera-o ainda longe de outras realidades: “Nos últimos cinco anos a coquetelaria portuguesa cresceu e melhorou muito, mas ainda não em grande quantidade”. O caminho é longo e ainda há muito por fazer. O segredo, segundo diz, assenta em três pilares fundamentais: trabalho, paciência e muita humildade. E, sobretudo, numa união no setor que, lamenta dizê-lo, “nem sempre existe”. “As pessoas têm de diminuir os seus egos e perceberem que só em equipa é que se tornam vencedores. Em outros países, tenta-se sempre trabalhar em conjunto, entre bares e bartenders, criando-se uma coquetelaria com um conceito bem definido e de grande qualidade. Em Portugal isso ainda não acontece. As pessoas são mais arrogantes e não gostam tanto de partilhar os êxitos”, explica.
Paulo Gomes considera que, neste momento, a aposta devia ser mais na qualidade e menos na quantidade. O boom do turismo em Lisboa veio permitir uma sucessão inusitada de investimentos e novidades. Porém, o proprietário do Red Frog admite que “há muitas coisas a abrirem sem fundamento”. “Todos os bartenders querem ter o seu próprio bar e isso, na minha ótica, é um erro. As pessoas têm de começar por baixo, cumprirem um percurso, para então poderem errar e aprender”, aconselha. Só assim acredita “no crescimento do setor, no país e no mundo”.
Cocktails (a dobrar) para todos os gostos
Apesar de alma antiga, inspirada nas décadas de 1920 e 1930, o Red Frog possui um corpo moderno. A principal prova das suas características cosmopolitas é servida ao copo, onde nenhum pormenor é deixado ao acaso. A aposta do Red Frog é clara, e inclui todos os clássicos incontornáveis e criações de autor. A estética não deixa ninguém indiferente, e o sabor compensa a viagem (a chuva, o frio ou qualquer outra condição climatérica adversa). Paulo Gomes afirma que “a preparação de uma carta demora cerca de seis meses”. “É um processo de criação constante e fundamental, portanto, assim que terminamos um menu, começamos logo a trabalhar no próximo”. O objetivo da sua carta está bem definida e passa pela diversificação.
Paulo Gomes confidencia-nos nunca gosta de destacar um cocktail, dado o perfil tão grande de produtos, mas sempre vai adiantando que “cada cliente tem ‘direito’ a, pelo menos, dois cocktails”. Ou seja, existem, à partida, duas opções para cada palato, seja mais simples ou complexo, mais clássico ou contemporâneo. “É assim que pensamos o nosso menu. Esta é uma das principais razões para visitar o Red Frog”, afirma. A nova carta de inverno do bar possui um conjunto alargado de escolhas, com 32 cocktails, seis highballs e quatro cocktails não-alcoólicos.
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